quarta-feira, 8 de abril de 2009

Crime amoroso

Sobre suas pernas estava um álbum de retrato velho, e com a tesoura ela rasgava as fotos de um passado que nao existia mais. Em seu corpo haviam marcas de luta, sua perna estava dilacerada, mas não tanto quanto seu espírito. Sua alma estava oca, o que era perceptível em seu olhar.
Estava nua, havia acabado de sair do banho, suas lágrimas haviam lavado todo o rancor, sujeira, vestígios, ódio, ira e sangue. Sobrava apenas arrependimento de ter deixado chegar àquele ponto. De ter se entregue tanto à uma pessoa. A culpa não era dela, não mesmo. Havia sido provocada, instigada, excitada.
Ao recobrar seu juízo, ela vai ao banheiro, limpa as giletes, esconde o corpo e joga-o no rio.

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