domingo, 31 de maio de 2009

Sonhos

Flutuava sobre as flores sendo levada pela música. Seus sonhos latentes transformaran-se em realidade e a circulavam, suas feridas sentimentais haviam sarado e só restava alegria. Porém, de repente, a melodia mudara para um som estridente que aumentara gradativamente até tornar-se insuportável. Despertara, seu despertador gritava. Desligara-o, e com algumas unidades de remédio resolveu viver aquela utopia para sempre.

domingo, 17 de maio de 2009

Solidão

Ela dançava, acompanhando ritualmente o ritmo da música com seus pés, deslizando sobre o solo. Era um baile a máscara, ninguém a reconheceria. Colocara seu vestido mais reluzente que valorizasse sua silhueta. Seu poder de encantamento era tanto que emanava liberdade fazendo com que os rapazes levantassem das mesas, esquecendo suas acompanhantes, hipnotizados pela beleza da dançarina. Porém, em um momento seu disfarce caiu, revelando metade de sua face. Nela haviam sulcos ocasionados pelos rios de lágrimas que escorreram, sua pele enrugada pela fortes expressões de tristeza e em seus olhos havia o vazio, essa era a verdadeira identidade dela, da Solidão.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Artista

Estava tudo inquietantemente calmo, não havia vozes, pensamentos, sonhos, devaneios, pesadelos. Fechou os olhos e vasculhou-se interiormente e descobriu o branco. Em outros casos isso significaria miscigenação de cores, mas não nesse. O vazio, a ausência de ideias para um artista é tão desesperador quanto a falta de ar. Então, como não havia nada, pintou as paredes alvas de seu cérebro de vermelho sangue, com seu próprio sangue.

Planos

Uma garrafa de absinto, uma pistola 38. e alguns ml de heroína. Isso tudo bastava.
Bebendo aos poucos, com seu cigarro aceso no peitoril da janela, ele admirava a cidade. Mentalmente despediu-se de seus pais, parentes, amigos e amores, mas lembrou-se que não havia mais nenhum desses, e que provalmente nunca tivera, era o efeito do álcool que fazia existir uma nostalgia de algo irreal. Caminhou, trôpego, em direção a mesa, derrubando sua bebida que espatifou-se com um barulho ensurdecedor, e em um momento de loucura mórbida pensou que fosse sua esperança, já esgotada, que desmoronava. Já no ápice da insanidade, com o resto de destreza que sobrara, ele maneja a seringa e injeta em seu pulso. Imediatamente seu batimento cardíaco acelera, a adrenalina faz suas pernas tremerem e por isso cai, em uma queda que para ele era interminável. Poderia ter se salvado, a quantidade de droga em seu organismo não era suficiente para matá-lo, mas ao cair,a arma que estava no coldre dispara, antingindo seu intestino, pulmão. Morrerá em apenas algumas horas, mas morrerá feliz com o efeito dos entorpecentes. Enfim, o plano dera certo.