terça-feira, 30 de junho de 2009

Identidade

Já era hora de trabalhar. Maquia-se provocantemente e vai andando, pelo calçadão, a espera de um cliente. Sem demora, para um carro ao seu lado, com insulfilm, que apenas buzina e abre a porta. Caminhando elegantemente, entra e negocia seu preço. Não cobrava caro, atualmente aquela profissão era bastante disputada. O automóvel seguia, e ela sentia ser olhada pelo retrovisor, como se avaliada, porém não diz nada e continua mirando a frente. Adentram-se em um motel barato, porém o mais distante e sigiloso da região. Feito o trabalho, vai ao banheiro, retira toda sua maquiagem, com água e lágrimas, e liga para sua filha e está tudo ok em casa. Novamente refaz as pinturas em seu rosto, e volta ao quarto, sem nunca tirar esse disfarce que cobre seu caráter e dá-lhe o poder de invulnerabilidade.

3 comentários:

  1. =O
    Adorei....
    Lindo o texto...
    To chocada!

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  2. Pior que lavar o rosto após o trabalho, deve ser acordar em casa na manhã seguinte, ver-se no espelho com borras daquilo que ela ainda é no íntimo!

    Abraços.

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